Na correria da vida, fonte de stress dos tempos modernos, é fundamental tirar momentos para outras experiências. Muitos vão para as chácaras, para sítios e lugares onde possam ter mais contato com a beleza e as riquezas contidas na natureza.
No tempo de Jesus, ir para o deserto era ficar na margem da sociedade, experimentar as condições dos leprosos que não podiam ter contato com os “puros” e com quem não tinha essa doença contagiante. Constituía um verdadeiro “tabu” para o povo.Indo para o deserto, Cristo supera o preconceito e vai ao encontro dos leprosos, que eram intocáveis. Jesus acaba ocupando o lugar desses doentes, agindo com autoridade e compaixão. Conforme a Lei, Ele não podia tocar no leproso, mas não levou em conta isto.A intenção de Jesus era a reintegração dos marginalizados numa atitude totalmente além da compaixão, de neutralização dos mecanismos que geram a exclusão. Ele age com verdadeira solidariedade, tendo como base o amor ao próximo.Essa prática não tinha em vista sucesso pessoal, mas o bem das pessoas, contra as atitudes de exclusão casadas pela cultura do tempo. Era Deus, em Jesus Cristo, visitando seu povo, superando as forças do mal, vistas como obra de espírito mau.No deserto Jesus cura um leproso. Toca nele e diz: “sê purificado”. Ele dá um sinal do Reino, da vida e da qualidade de vida. O curado não esconde sua felicidade, fazendo Jesus assumir seu lugar no deserto para ficar distante do assédio do povo.
A prática de compaixão de Jesus faz crescer a oposição das autoridades religiosas, porque Ele mostra que fazer o bem é mais importante do que seguir as exigências da Lei dos judeus. Enquanto a Lei marginaliza os “impuros”, Jesus os integra na convivência social.Vivemos sob a lei do mercado, da competição e da exclusão. Perdemos a mística da fraternidade e partilha. Só a força do deserto, da espiritualidade será capaz de fragilizar essa lei. O mundo saudável é conforme o sonho de Deus, que deve ser conquistado por nós.
Dom Paulo Mendes Peixoto
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